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Sabe o Grilo Falante, de Pinóquio? Talvez eu só esteja em busca da minha humanidade, e Hans seja a minha consciência gritando alto. É sempre mais fácil escrever para alguém e se você supor que a pessoa te conhece a tal ponto de compreender suas maiores loucuras e seus piores pensamentos... As palavras correm soltas. Você deveria tentar qualquer dia desses.


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Correspondências

quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

sobre os quase trinta;



Me peguei esses dias pensando que, chegando agora aos vinte e oito, estou com quase trinta. Idade em que, nos noticiários, qualquer uma já é tratada como mulher, e não mais como jovem. Mas me sinto jovem, a realidade dos quase trinta parece tão distante, apesar de faltar apenas dois. Com quase trinta, minha mãe já estava grávida do quarto filho. A primogênita já havia casado, se mudado para a Europa e, se não me engano, se divorciado e já era mãe de três. Minha outra irmã já era mãe também. 

E eu? Ainda posto diariamente fotos do look do dia no Instagram. Tenho um cargo público, mas sinceramente, o Universo me deu ele sem nenhum esforço da minha parte. Diferente das outras mulheres da minha família, minha gestação é de sete semestres, e meu filho é um curso que não exige nada da minha capacidade intelectual. Não tive nenhum relacionamento duradouro, apesar de todos terem deixado suas cicatrizes profundas o suficiente para que eu desistisse de vez. Os poucos amigos que tenho, em sua maioria, estão distante geograficamente, e, levando em consideração que não sei lidar com pessoas muito próximas, é esse o fato que tem mantido nossa amizade de anos. Com quase trinta, sinto que não realizei nada. Ainda moro com meus pais, e não pretendo sair de lá tão cedo... Na verdade, metade dela me pertence, está comprovado na escritura, então porque deveria me apressar em sair da minha casa?

Com quase trinta, vivo uma vida relativamente boa e feliz. Mas ainda assim, sinto que tenho desperdiçado tempo. Por outro lado, parece que não tenho desperdiçado sozinha. Talvez seja o mal da geração dos anos 80/início dos 90, que não percebe o passar do tempo, e vê agora a geração seguinte nos alcançando e se realizando.

Com quase trinta, não vejo absolutamente nenhum tipo de mudança me alcançando e, a não ser que o retorno de Saturno chegue e vire tudo de pernas para o ar, parece que continuarei catalogando meus looks, sendo servidora pública, morando com meus pais e tendo um diploma inútil na gaveta. Não me leve a mal, eu gosto da minha vida, se paro para pensar nela, não há mais nada que eu poderia desejar – a não ser, claro, o desejo da maioria das pessoas de ter milhões na conta e viajar o mundo despreocupadamente - mas existe aquela sensação...



Com quase trinta eu não fiz nada.
Com quase trinta eu não faço a mínima ideia do que fazer.
C.G.

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