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a Remetente
Sabe o Grilo Falante, de Pinóquio? Talvez eu só esteja em busca da minha humanidade, e Hans seja a minha consciência gritando alto. É sempre mais fácil escrever para alguém e se você supor que a pessoa te conhece a tal ponto de compreender suas maiores loucuras e seus piores pensamentos... As palavras correm soltas. Você deveria tentar qualquer dia desses.


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Correspondências

quarta-feira, 27 de julho de 2011

sobre cinzas e futuros

Hans, Hans, Hans.
Querido Hans.

(Sim, eu sei que você está pensando agora porque eu te chamei de querido, sendo que eu mesma detesto essa palavra e ser chamada por ela, mas me entenda: esta é uma carta, minha primeira carta de muitas que devem chegar, acredite, queria fazer bonito.)

Há quanto tempo te conheço, Hans? Meados de dois mil e nove, talvez? Pois então, você me foi ‘apresentado’ e eu não entendi o que aquilo queria dizer, o que suas palavras queriam dizer, o que queriam me dizer através das suas palavras, melhor.

Hans, me desculpe, mas você terá que me aturar diariamente agora, é um tipo de terapia, tudo bem? Você nem mesmo precisa ler essas cartas, apenas as jogue fora: Não as mande de volta, por favor. Me sinto tola escrevendo para você, mas vamos superar isso. Sem gracinhas. Enfim, o conteúdo da carta... Porque é tão difícil, afinal? Eu costumava escrever cartas quando era pequena, cartas póstumas principalmente – sim, sempre fui dramática – mas queimei todas no final de dois mil e nove. Sim, muita coisa virou cinza em dois mil e nove, eu sei Hans, eu sei. Mas é sobre isso que preciso falar, entende? As cinzas.

Como eu disse, muita coisa virou cinza naquele ano, mas eu não percebi isso, foi mais um ato impulsivo da minha parte e de repente eu já tinha queimado algo importante... Mas não quis acreditar, então deixei o tempo passar como se assim o mal fosse desfeito, e acreditei realmente nisso, que de alguma forma aquilo ressurgiria das cinzas... Tola, eu sei Hans, não precisa me dizer o que eu já sei. Acontece que agora eu vi as cinzas, elas estão por toda parte e eu não sei lidar com elas. As enxergo, é fato, mas não quero enxergá-las. Elas nunca vão sumir, Hans? Se sumissem talvez eu conseguisse seguir em frente... Esquecer, sabe? Preciso mesmo esquecer. Ou talvez eu não deva, o que você acha? Se elas ficarem impregnadas em mim eu vou lembrar e agir de forma mais prudente quando algo parecido acontecer de novo, não? Mas não sei se quero que algo parecido ocorra de novo, Hans. Machuca tanto. E eu tenho tentado ser forte, na verdade até superei minhas expectativas... Mas não tem sido tão fácil assim, não todo tempo.

Como as pessoas conseguem deixar para trás essas coisas de uma hora para outra? Talvez não se importem tanto, é verdade. Também não queria me importar, Hans. “Mas você se importa” sim, sim, eu sei que não adianta querer algo que não se pode ter, no final aprendi a lição. Não foi de uma maneira fácil... Porque tenho que ser sempre tão otimista-teimosa, Hans? Meu otimismo é teimoso demais, me fazendo acreditar que o futuro pode sempre ser melhor. Não venha me dizer que o futuro pode realmente ser melhor porque nesse momento eu só vejo as cinzas. Me diga amanhã, mas hoje não. Não quero pensar no futuro – vê? A coisa está séria, logo eu que sempre vivi mais o amanhã do que o hoje – e no que ele me trará, porque tenho medo disso. Eu vi nas cinzas o que ele não me trará, Hans.

E isso tem doído em mim de uma forma que nunca doeu antes, porque eu nunca acreditei que esse futuro fosse possível, não esse...

O que faço agora? Como viver um futuro que não aceito e me nego a acreditar que me pertence? As cinzas, sim... Não devo ignorá-lo como ignorei as cinzas, você diz. Quem dera fosse mais fácil.



Até amanhã,
Obrigada por tudo.
C.G.





Um comentário:

  1. uau! adorei! de verdade... parabéns e boa sorte carol, com mais esse blog =]

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